Vida de Maria Bonita no Cangaço e Orientação de Lampião a nova Integrante

Lampião estava ciente das pretensões de Maria Déa. Na visita a fazenda Malhada, a senhora Déa, sua mãe, recebeu-o com festas e segredou-lhe a amizade da filha. A princípio, mostrou-se sem interesse nenhum, resaltando as condições de Maria ser casada. A velha insistia no assunto, alegando ser o marido medroso e que não gostava do mesmo, negativando-o no que podia. A referida senhora , continuou impressionando Lampião, referindo-se a beleza de Maria. Devido aos comentários da própria mãe alcoviteira, ,despertou em Lampião curiosidade de conhecê-la.
Os pais de pleno acordo, Lampião significaria auto-defesa para a fazenda.
Note-se que no dia da partida, chegou um  pouco mais tarde (seis horas da tarde), não mais voltando ao doce lar,
Orientação de Lampião: como devia conduzir-se perante os companheiros etc,,,
Novata no grupo, andava cabisbaixa, retraída e desconfiada. Guardava grande cerimônia do jeito bárbaro e rude do bando; todos porém, sabiam respeita-la. Em pouco tempo conquistou-lhes a simpatia. Era admirada e estimada. Cada pousada era o seu lar.
Pousos  ou Ranchos, varria o chão com vassoura de marmeleiros, improvisava a cozinha nas Pedras com garranchos e gravetos.
O gênio destemido de Lampião
Encantava seus modos simples, naturais, graciosos e ingênuos,
Nas travessias sofriam e se amavam
Era ciumenta e se aborrecia facilmente, especialmente quando Lampião demorava em alguma fazenda que tivesse Pequenas bonitas. A rusga sequer durava um quarto de hora. Cada dia pareciam mais apaixonados.
Convencidos da sua sinceridade, esse amor expontâneo era uma sucessão de juras de amor e união eterna.
Andava de ficar exausta, mas nunca se queixava e, também não mostrava arrependimento
Atirava muito bem. Não  tomava parte nos tiroteios e, no princípio a que assistiu de perto foi gravemente baleada na perna, em Serrinha,  estado de Pernambuco. Era carinhosa, Acareciava e penteava os cabelos do bandido. Arranjava sua roupa, marcava-lhe os lenços, cuidava da comida e costurava. Preparava os remédios e socorria os feridos..
Não sofria remorso quando tiravam as vidas das infelizes vítimas. Entretanto, intercedia em casos difíceis.
Lampião proibia a interferência das mulheres.
Maria tirava os brincos das sertanejas com grande violência, causando-lhes defeitos nas orelhas. Repetia esse gesto na retirada de anéis, trancelins e braceletes..
Possuía uma coleção valiosa de Jóias , Máqinas, Perfumes, Chales finos e Cortes de Sêda, Raramente os usava. Os espinhos, o sol, as constantes correrias, estragavam qualquer artigo sem resistência. Muitos ficavam guardados nos esconderijos e levados como troféus pelas volante que surgiam de surprêsa.
Na residência de fazendeiros, Maria Déa, ficava dias seguidos, costurando e como espiã inteligente, inteirava-se das  próximas chegadas das forças policiais e conseguia dinheiro, munição, víveres  revistas, jornais e cigarros.
 Integrada no bando durante dois anos, continuou sendo chamada Maria Déa. Lampião chamava-a de Santinha.
Certa vez chegando aos fundos da casa-grande da fazenda Beleza, Alagoas e suspeitando que a volante estava em seu alcance, Lampião pensou em enviar uma das cangaceiras desareadas que compunham o grupo. Estavam juntas, além de Maria Déa, Dadá, mulherde Curisco, Cila de José Sereno e Maria de Pancada. Lampião hesitou na escolha. Finalmente apontando para Maria. Você a bonita. Todos riram e disseram, muito bem seu capitão, D. Maria é bonita mesmo.
Maria Bonita gostava de animais.
Era no dinamismo de supermulher estranha, uma mulher que se tornou famosa pelo espírito aventureiro.
Reconhecia ser portadora de espírito excessivamente extraordinário para seu tempo. Gostava extremamente de cães de raça, fazia questão de ser fotografada ao lado deles. Eram bem tratados. A presença de cachorros era indispensável no bando de Lampião. Eles sabiam perfeitamente distinguir o rastro dos Macacos do governo e obedecer as ordens dos cangaceiros.
PERSEGUIÇÃO
Entre 1934 e 1938, destacou-se como época de grande perseguição ao banditismo. Maria Bonita convidou Lampião a abandonar o cangaço. Sugeriu-lhe comprar uma fazenda no sul, mudar o nome e começar na vida, um período novo. Lampião desejou, mas negou atender esse pedido, por uma questão exclusiva de juramento.
Maria Bonita permaneceu no cangaço sete anos - contava 23 anos de idade , quando se tornou cangaceira (1931 a 1938). Passou por verdadeira escola de esperiência e provações.
No tiroteio de Angicos, tombou ao lado de seu companheiro - sua cabeça degolada pelo facão do soldado Sandes, exposta em campônola de vidro - Instituto Nina Rodrigues, Salvador, Bahia.
Observação: a baixada do Angico é situada no estado de Sergipe, próximo ao Rio São Francisco.
Observação
O presente trabalho, trata-se do capítulo 29 (segunda edição do livro Lampião, Cangaço e Nordeste, escrito pela Historiadora - Aglae Lima de Oliveira, pernambucana de Cabrobó. Baseado nas pesquisas pessoais da referida e editado em 1970.

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