Maria Déa, a Maria Bonita, na Trilha Sinistra de Lampião

Filiação: José Filipe de Oliveira (Pai - família dos Cazé e Maria Joaquina Déa (Mãe)
Família numerosa, doze filhos: José , Ananias , Arlindo, Ozeas, Izaías, Olindina, Joana, Francisca, Benedita, Antônia, Amália e a destemida, Maria Déa.
Fazenda - Malhada do Caiçara, município de Jeremoabo, estado da Bahia
Maria Déa - toda infância na Fazenda; neta de um Jagunço que lutou ao lado de Antônio Conselheiro.
Alfabetizada nas escolas da circunvizinhança. Cercada sempre pelas amiguinhas  que a estimavam.Nada influenciou sua decisão, ia tudo bem, Qualidades Inatas: estranha , inquieta e corajosa, Filha de fazendeiros como tantas outras. Nenhum desajuste ocorria, atitudes  consideradas  de  sua inteira responsabilidade. Casou-se aos 18 anos com José Nenen, comerciante e fabricante de calçados; era o referido de boa índoleResidiram em Santa Brígida município de Jeremoabo por cinco anos e não tinham  filhos. Era o ano de 193l e Lampião , desde 1928, cada vez mais aterrorizava as cercanias com tiroteios e cada vez mais aumentava sua audácia em cujo gênio militar era inato nas peripécias do cangaço naquela região. Sua fama corria como os quatro ventos, exercendo entusiasmo no coração de Maria Déa, em cuja admiração pelo facínora, crescia vertiginosamente.
Luto e aflição, nas Caatingas do Sertão daquele estado,
Coincidentemente, Lampião acampou naquela fazenda - Malhada do Caiçara, para um descanso de três dias que, transformara-se em dez. Foi o auge da expectativa, quando Maria Déa, apresentou-se no Páteo da Fazenda, suplantando a imaginação de Virgulino, que, ao vê-la, ficou atônito, surpreso
 A tarde desse encontro, marcou uma grande data, em clima apoteótico. Todos olharam a recém chegada, Acanhada, com olhos baixos, vestido Voale, trancinhas pretas , alpercatas e toalha no ombro. Pela primeira vez, desde o romance com a adolescente Rosa, Lampião olhou intensamente para uma mulher, estava enamorado e a recíproca era verdadeira. Com o fluir dos dias, Maria preencheu o vazio de seu coração - sonhava com uma mulher, ela era o seu tipo. Impressionando-o com sua beleza graça e simpatia.  Sentiu-se triunfar no amor do tão temido fascínora, estava disposta a segui-lo. Mesmo censurada por alguns, ninguém conseguiu reverter o quadro daquele amor que brotara como uma planta em terreno fértil, era a Enzima  para o Substrato. Lampião era bem tratado, serviam-lhe as comidas da sua preferência.Ficaram a sós, respeitavam-se mutuamente e palestravam diariamente, com aprovação total dos Pais.Lampião não ocultava-lhe os perigos a que estaria exposta. Maria Déa, preparava-se para o CangaçoJosé de Nenen, seu marido, não pertubou o sonho de aventura da esposa, afinal realizadoNão se opôs às visitas de Maria aos Pais, que, seguia  todos osdias depois do meio-dia, para ver Virgulino, regressando à noite em companhia do irmão.
Na véspera de sua partida, Maria,  não mais regressou. As seis horas da tarde, lampião impaciente, esperava-a no alpendre da casa (bem situada), Conversou demoradamente. Expôs as maldades de sua vida; ódio, paixões e vingança. A luz da lua, cercava àquele Romance Novelesco, na paisagem da fazenda Malhada do Caiçara. A fazenda era conhecida pelas doces melancias e cercados pequeninos, cobertos  de  juazeiros sombrios e enfileirados. O coração do frio e intrépido capitão Virgulino Ferreira, não resistiu a meiguice de Maria, sentiu-se grato, pela intensidade do seu amor e dominado pela felicidade a que renunciara. O crime não interfere no amor. Para os que acompanharam  de perto esse romance, amor e carinho, nunca foram  propriedade de civilizados. Havia nessa união, uma recíproca comunhão de pensamentos, Acima de tudo, se amavam. O Grupo levantou acampamento da fazenda Era grande a azáfama na cozinha, salgaram-se carnes, empilharam-se rapaduras, queijo de coalho e doce. Os bornais encheram-se de paçocas, bogós e cabaças de água fresca. Os Cangaceiros disfarçados, fizeram feira em Uauá, nas imediações da Serra Brança e de Vaza Barris. Trouxeram roupas de mescla azul e Sutache para bornais e roupas. Lampião disse aos pais de Maria que ela seguiria. Maria Déa no Cangaço A filha do fazendeiro Cazé, estreou sua vida no Cangaço. Exultava de Alegria. Trocou seu vestido de Voale estampado por uma Mescla Azul (Alvorada) de mangas compridas, meias, perneiras de lona, alpercata, lenço no pescoço, chapéu de fêltro de abas largas, bornais alforges e objetos de uso, Esse traje,  infundia-lhe expressão estranha, adaptava-se a sua pequena estatura (1,62 m) e aos seus gestos. Um mundo de adornos complicados; em seguida aumentado com anéis, medalhas, medalhões, broches fitas etc... No dia seguinte, José de Oliveira levou a notícia ao seu cunhado José Nenen, ficando este intrigado. Era impossível reagir. Disse ao menino: "com Lampião , Deus me livre de encrenca nunca" Lampião escreveu ao marido de Maria e apresentou-lhe desculpas - "Desculpe seu José. Pode acreditá. Maria foi quem quis; nunca seduzi mulé casada." De toda essa história, o fato mais curioso Sua própria mãe ao palestrar com Lampião, desfazia em José Nenen e demonstrava todo o interesse que o mesmo, levasse sua filha e até o pai apoiava, era então uma família, desafiadora dos bons costumes de uma sociedade cristã ou medo e ignorância, levaram-nos à esse desastre social que culminou com a morte da filha em 1938, na baixada ou grota do Angicos-Se, com apenas 30 anos (linda jovem - assassinada e degolada por policiais alagoanos - ávidos de prestígio para promoções por ato de bravura) Observação. O presente trabalho,  parte de um capítulo do livro - Lampião, Cangaço e Nordeste de autoria da Historiadora Aglae Lima de Oliveira, segunda edição da sua obra, baseada em pesquisas pessoais da referida, lançado em 1970. Pernambucana de Cabrobó, dedicação de 20 anos de sua vida em suas pesquisas

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