Meu Passo de Camaragibe Querido e os Meus Oito Anos

Já dizia o poeta: a saudade é dor pungente: ela não mata, mas faz chorar e sofrer e  torna-se em algum momento, um acirrado processo de flagelo à alma humana; Assume  as vezes o   mágico poder transcendental ou  metafísico - é paralela, equidistante, próxima ou polos opostos; é sublime, amorável ou odiosa; Ela é o sonhar e o sondar, a verdadeira torre de vigia, em síntese, o atalaia das lembranças e o transporte espectral que ecoa no horizonte.   Ela é a aurora, o ensombrar e o anoitecer; Ela arrefece o peito e faz o acelerar das batidas do coração; Ela é a faca de dois gumes, é o punhal,  a espada e a lança, a coragem e a pusilanimidade. Ela é Guerra e Paz; Ela é a nuança, o matiz e a faceta em jaezes diversos; enfim, ela é o núcleo das diversas origens, ela é do cosmo, é universal; todos já sentiram a velha saudade em ocasiões propícias, quando lhes ocorrem  as determinantes e doces lembranças de um passado imorredouro enfim, trata-se de  uma das velhices do mundo.  Em tenra idade, oito anos, recomecei os estudos, Estabelecimento de Ensino - Grupo Escolar Ambrósio Lira - Professora Luizinha - primeiro ano atrasado. Foi sorte, em frente a casa onde morávamos, era só atravessar a rua, enquanto outros vinham do "Engenho Castro" para estudar. O Passo de Camaragibe foi como uma luz ao túnel, abriram-se-me os horizontes, as brincadeiras, as risadas, a "MANJA" onde o da "vez" para procurar os outros, ficava por trás da Igreja católica, numa calçada saliente na lateral e fundos do Templo, enquanto os demais, escondiam-se por trás das casas, em cujos fundos, davam para o "SITIO do senhor BEDA". Algumas comparações ou similaridades, para melhor compreensão da narrativa ou descrição dos fatos em pauta: como se ao dormir, me acordassem ou tirassem-me a venda, foi sim, tudo isto, no "Passo de Camaragibe", ainda mais, abriu-se o leque do conhecimento, onde descobri as cores, onde vi o Arco-Íris no esplendor de sua Pompa Histórico - natural; onde as gotas d`água perdidas na Atmosfera se chocaram com os raios do SOL, formando assim, o espetáculo multicor. Na realidade, a minha alma absorveu o 'multi-Cor" de forma espiritual, físico e mental, eu cresci e muito, nessa terra mui linda e cheia de amor, respirei o ar puro, advindo das cercanias e a pureza, beatitude e santidade de um povo ordeiro, puro e simples que  abraçou-me e acolheu. Foi no calçadão do lindo chalé (à moda europeia - consta, ter  sido o Solar, berço e residência do dicionarista ou lexicógrafo - Aurélio Buarque de Holanda ) de D. Áurea de Lima, Neco Lima que, alguns amiguinhos (crianças ), puseram-me a par sobre o fato do "dar a luz", deixaram-me  irritado a ponto de chorar; ora!- eu ainda não tinha o discernimento correto, para mim era a bendita "Ave-CEGONHA" que trazia a criança no bico; fiquei louco quando do "contraditório". Quando do lendário "BODE DO PONTO", eu morria de medo, quando o gado mugia no Sitio onde se situava o "CAMPO DE FOOT-BAAL" e era à noite, as crianças admoestavam-me: corre que é o "BODE DO PONTO", eu corria pra casa a tremer e enrolado ao cobertor, minha mãe ficava de olhos arregalados com a cena! Quando alguém tinha ataque epilético que chamavam de "batedeira"; as crianças diziam: pega no vento, corre! Eu colocava papéis nos buracos da porta e a cena se repetia, o trio: tremedeira, cama e cobertor e de novo minha mãe... Ocorre que meu pai quando sabia, imaginem as risadas. Odiava quando diziam, só pode, é filho do delegado! É uma sensação horrível, para uma criança ouvir termos impróprios e discriminatórios, quando ela quer amor! Só que tratava-se de uma entre mil, as almas impuras, ou maledicentes. Em sobremaneira, jamais ouvi coisa igual no "Passo de Camaragibe"; Ali era o reduto de um povo "SANTO".Logo conheci a meninada: Robinho Feijó, Ariston Nunes, Edilberto, Paulo e Pedro Amaral, todos sentados no calçadão da "Igreja Católica", localizados nas imediações abaixo do "SINO e suas badaladas"; em frente situava-se o velho e tradicional - CORETO e suas duas escadinhas. Ali ouvíamos o som advindo da boca do auto-falante e a voz suave da Olidete Feijó, jovem versátil e inteligente, filha do senhor Odilon, sobrinha do Feijó e do Adauto, família conceituada e tradicional há muito assentados naquele município: José Maria e Zita (gêmeos ), Raul, Robinho, Osvaldo, Ozias, Olidete, Osmarina. Nos "Quatro Cantos", local de preferência à palestras, o "Jornalzinho local", era uma graça, em frente a padaria do seu Mota, de lá avistávamos o Mando rasgando os cortes de pano de sua loja, seu Ademar com a tesoura na mão, a ponte Fernandes Lima, a cadeia velha, hoje "Prefeitura Municipal", ainda visualizávamos itinerários partes ao norte e sul da cidade, era um ponto de encontro e até de referência, pois situava-se a antiga prefeitura, a farmácia do Nô Magarino e os "ESTÚDIOS dos Serviços de Auto-Falante ou Serviços Radiofônicos" da cidade. Estes, comandados por Olidete Feijó e sua expressão de "graciosidade ímpar" e os telegramas através do som de sua linda voz, integravam,  abrilhantando os dias festivos locais. Onde você estiver Olidete, saiba que jamais será esquecida, conjuntamente, toda a sua família. Os destinos do município estavam sendo conduzidos pelo prefeito - José Gomes de Barros e seu Jarbas e direção política do dr. Juca Alves. O Estabelecimento de Ensino - Grupo Escolar Ambrósio Lira em cujo Corpo Docente, tratava-se de: Aurea de Lima ( diretora ), Cenira, Zilda ( irmãs ), Ivá, Cleone,  Eleusa e Luizinha. As famílias todas distintas, privilégio regional, viva os   Camaragibanos e quem de lá bebe a água, torna-se um deles. Citação de algumas famílias ou pessoas pertencentes ou oriundas do Passo de Camaragibe, Alagoas : Lavrenere Reis, Vinicius, Wolney, Nilton, Cidy e Eva; Pimentel, Bráulio, Beraldo, Gilberto, Galba, Elmo, Nilma e Vitória ( Filiação: Beda e lily ); Irmãs Lela, Bega, Auria e Litõ ( saudosas lembranças ); Odete Pacheco, Helena, Tabelo, Luizinha e lucy (Filiação: senhor DUCA e d. SUCA ); Manoelito e Nelson, filhos do senhor Cirilo; Dilma, Dione, Dinalva, Dilva, Divaldo e Diógenes ( Filiação: Nô Magarino e Esposa D. Dalva  ), Deca Oscar e filhos, Giba e Neto; Manoel Camaragibe e filhos, Marinete, Manezinho e Cecé; Senhor Mota e Dona Julia, Mando (Comerciante ); Ariston Nunes  Albanice Nunes e Airton Nunes (Filiação - Antônio Nunes e Josefa Nunes); O Senhor Benedito Henriqueta, este devo-lhe todas as meias solas em meus sapatos e o tratamento cristão; A Marenita e família; A Balbina; A Thomazia, velhinha, apanhando "bitucas de cigarro" e o Mario, adolescente que doente, vinha da "Paputinga"; O Matarazo e assim todos citados ou não ( seria vasto para um único artigo ), tratam-se de reminiscências e rememora-los, é um ato cristão, porquanto são rememorativos e remédio para "Alma, como o Elixir da longa vida". As Estórias, as lendas, Saga e Mitos, versados pelas crianças, deixavam-me de olhos arregalados, a exemplo, O Bode do Ponto, este bateu na própria mãe, com um quarto de bode e corria sete cidades, grande e botava fogo pelas narinas ( praga de mãe ), O cavaleiro de OURO, se desmancharia em ouro, se alguém o visse e o chamasse; A Mula sem Cabeça, O Fogo Corredor e Almas Penadas e assim,  sucessivamente. Ainda contavam a verdadeira história, a Saga da Cheia ou enchente de 1949, essa, desalojou muita gente para os lugares altos das imediações; ainda a do "Pedro Gogo", com a "Tuberculose" e dava o picolé para as crianças, após te-lo colocado em sua boca etc...Reportando-me sobre os Mananciais do município e belezas naturais temos em primeira ordem, o "Majestoso e Caudaloso Rio Camaragibe" do qual pode-se afirmar que a cidade de "Passo de Camaragibe é "dom do Rio Camaragibe banhando a cidade", com suas lindas "curvas sinuosas" e seu potencial fluvial, fonte de água natural e em sua abrangência, "Maravilha Turística" e sustento ou meio de vida para os que se dedicam à atividade da pesca e também, o banho gostoso para se higienizar e refrescar, em síntese, trata-se de um manancial histórico e responsável pela fundação da cidade e ainda o município é acrescido por lindas praias como o Marceneiro, a Barra de Camaragibe e os Morros de Camaragibe e lindas propriedades, a exemplo, Várzea do Souza, Santa Justina,, Bernardo Gomes, Engenho Castro, Água Comprida, Engenho Velho e Pé de Veado etc...E porque não o "Alto da Zulmira", onde buscávamos "Brincos de Viúva ou Azeitonas", espécie de frutinha gostosa, que deixa a boca e lábios arroxeados. Olhem, lembranças mil, me fazem lembrar os dias felizes da minha infância, os meus oito anos a dez de idade como disse o jovem poeta "Casimiro de Abreu" na Poesia, "Os meus Oito Anos": Em vez das mágoas de agora, Eu tinha nessas delícias, De minha mãe as carícias, E beijos de minha irmã. Em tempo: no Campo Musical, todos se preparavam para Olidete colocar a "Ave Maria" do Cantor Augusto Calheiros (18 horas por certo ) e depois ela colocava a música dos Bichos, repleta de Onomatopéias, ( imitação de vozes de animais ),  ainda,  a linda música de "Dalva de Oliveira" - Que Será? representando a sua separação com Herivelto Martins, dor de Cotovelos e outros males de "AMOR".Eu gostava mais do Orlando Silva cantando Nada Além, Rosa e Lábios que beijei, o "Cantor das Multidões". Olha Tenente-Coronel do Exército Brasileiro  e Odontólogo - Ariston Nunes, Vossa Senhoria é o nosso Ariston de sempre. Vamos orar pelas nossas avoengas, pelos ora presentes e almejar a felicidade dos nossos pósteros, esses, encontrarão um mundo mais evoluído, mais equânime, em cuja eficácia lhes dará condições de chegar ao "Topo da montanha" em  alvura e cristalinidade e traduzirão toda a justeza do que serão capazes para um porvir- risonho, pois que, uma vez, apoiados em ombros fortes, ombros de gigantes, estarão providos   de uma real consonância para os labores ou tarefas a que se dispuserem, em um mundo melhor, mais afortunado e igualitário. Agradeço a ti meu Passo querido, pelos felizes dias d`outrora, pela saudade que me invade o coração, pela  tua gente em cuja nobreza, vem d`alma e em ordem especial, faço questão de citar o nome de uma grande mulher, em cuja fibra, tornou-se em riqueza de detalhes,  o  exemplo de vida que honrosamente, poderá ser seguido por todo aquele que é adepto do saudável compromisso com a verdade absoluta nas veredas do bem e do amor fraterno e pureza d`alma; trata-se pois da senhora "Flora Moreira ou a bendita senhora FOI" que viúva e sem recursos, criou seus cinco filhos, trabalhando como "engomadeira" e todos venceram na vida, seguindo o exemplo da verdadeira heroína do Passo de Camaragibe, estes, tratam-se dos honrados filhos de Flora: José Moreira, Narciso Moreira, Antonio Moreira, Maria Suzana Moreira e Roselita Moreira e ainda mais, a "heroína flora", jamais cogitou em marchar para outro casamento, que seria seu direito; viveu única e exclusivamente para os filhos. Mulheres assim, deveriam ser coroadas de Louros ( Láureas ) e todas as honrarias e prêmios e que fossem semelhantes eventos, do pleno interesse das "Organizações Mundiais", em favorece-las por honra ao mérito do exercício de uma cidadania plena, real e irrestrita.


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