A TRAGÉDIA DE CARLOS GARDÉL E MÚSICOS

Como esquecer Gardél e seus músicos Alfredo Le Pera, Guillermo Barbieri e Angel Riverol; como esquecer a fatídica tarde - 14 h. de 24 de junho de 1935, onde foi desencadeada a tragédia que os matou? Como esquecer o "rei do tango" que só felicidade traçou em sua trajetória artística e que só o amor plantou, como se planta uma flor, em sua breve existência? Muitos indagam; quem foi Gardél, quem é esse Gardél, de onde veio, o que ele fez? Como uma flor se foi e toda a planta desfolhou e todo o jardim murchou e todas as flores secaram. Na data e hora supracitados, o Ford trimotor (AERONAVE - FORD 5 - AT - B, prefixo F 31 ) de propriedade da ( "SACO - SERVIÇO AÉREO COLOMBIANO" ). Havia pousado em Medellin, escala de Vôo entre Bogotá e Cali. Tratava-se  de um vôo especial, por razão da presença do cantor argentino Carlos Gardél e sua banda que 
se dirigiam à cidade de Cali para algumas apresentações onde cantaria à noite. Haja vistas a presença de passageiros ilustres, a aeronave seria pilotada pelo presidente e fundador Ernesto Samper Mendoza. Após ser reabastecido, o Ford -31 ( 11 passageiros e 2 tripulantes ), iniciaria o procedimento de decolagem. Ao iniciar a corrida para a decolagem, a aeronave enfrentava fortes ventos. Durante a corrida, o trem de pouso direito teria um eixo rompido, provocando um desvio de 30 graus do avião em relação à pista de decolagem, teria batido com uma das asas do avião estacionado na pista e também por conta de um erro, comandante deu partida no trimotor provocando colisão com avião que taxiava na pista.O referido se preparava para realizar o vôo 062 da SCADTA entre Medellin e Bogotá, com 5 passageiros e 2 tripulantes. A colisão causou grande explosão e incêndio que vitimaria a maioria dos passageiros das 2 aeronaves, totalizando 15 pessoas em ambos os aviões. Comenta-se que teria havido discussão entre Gardél e Piloto: estaria Gardel a flertar sua namorada ( cena de ciúmes por perder namorada, etc... ). A capital portenha chorou; as suas lágrimas ganharam às ruas, as praças, as esquinas, as avenidas, os becos, as vilas, as vielas, os bares e botequins; O orvalho beijou a flor e a emudeceu; O colibri abdicou do precioso alimento e não mais marcou presença ao belo e encantador jardim, fonte da sua alegria, do sabor adocicado do seu alimento preferido, o néctar energizado, mantenedor da sua breve existência; O lencinho branco querido a enxugar as lágrimas dos argentinos, quer portenhos, quer bonaerenses, qual bandeira da paz e do amor a aplacar a pluralizada comoção, formulando um gesto, um aceno simbólico de um adeus e da tristeza pelo silêncio do cantor em cuja tragédia e fatalidade, foi deveras a determinante para o emudecer de Gardél, para o empalidecer à todos da nação argentina: gaúcho, caudilho, "mesclado ou cadinho de raças", o índio, o negro, o espanhol, o italiano; ainda abrangente `a outras paragens do globo, porquanto cosmopolita, cidadão do mundo, fonte de alegria, sorrisos e contentamentos; Gardél, o "Carlito Portenho", o tangueiro, o milongueiro, o ator, o compositor que fazia dançar a sorrir ao som de sua melodia, de sua voz suave e graciosidade ímpar. A sua universalidade levou-o à longínquos rincões - levando à todos o que tinha de melhor em suas apresentações: felicidade, amor, paz, em síntese, um deslumbramento em alegria contagiante através da música, o canto popular que fez renascer do "instrumental' ao verbal", as composições poéticas - a inovação através de sua arte, saindo do folclore do subúrbio para a música erudita, o tango, a milonga etc... Rememorar Gardél é o retratar da felicidade, do amor, do sublime, do contentamento, do assimilar, do desprender, do conquistar, do esplendor, do bem d`alma, do corpo e do espírito. Ele era apaixonado pela vida, pelo que fazia, assim o afirma Walter Santoro, o diretor executivo da Fundação Indústrias culturais Argentinas - proprietário dos objetos e documentos originais que nunca tinham sido expostos ao público e agora exibidos no Museu Histórico Nacional da capital Argentina: uma gravata, um mate, uma piteira, um violão, presentes, fotos e telegramas, são algumas das peças que formam a mostra "Carlo Gardél, do Homem ao Mito", oito décadas pós morte em acidente aéreo - Colômbia no auge de sua carreira. Tal exposição, detalha desde os fatos relacionados à música e o cinema e circunstâncias de sua morte. O acidente consta em seção exclusiva: manchetes de jornais sobre tragédia, destroços recuperados e última foto de Gardél antes de entrar no avião. O TANGO é patrimônio cultural e imaterial da Argentina e também do Uruguai (proposta apresentada pelos presidentes de ambos os países em 2009 e aceita pela UNESCO ) essa discussão é antiga, porém seu maior expoente, Carlos Gardél, considerado o uruguaio mais argentino de todos os tempos - sua nacionalidade é francesa e trata-se do responsável por tornar o TANGO, mundialmente conhecido nas primeiras décadas do século XX, entretanto a sua origem remonta do século XVIII e contém influências negras, indígenas e européias. Era a música instrumental tocada nos cabarés e letras ou verbal, teve início nos fins do século XIX, essas alegravam imigrantes que, longe da família, tentaram ganhar vantagens na região cisplatina e assim, tornou-se na época, mal visto pelos os bem aquinhoados ou alta sociedade. A partir do século XX, esse cenário ganhou nova face, após ser aceito em Paris e voltar triunfal a Buenos Aires. Ocorreu então, a sofisticação do ritmo; apesar de bem elaborado, não perdeu a sensualidade que faz parte da herança ambiental das sua origens. Pode então se dar um tom mais simples ou com passos de alto relevo, coreografados e ensaiados à exaustão mas jamais perder seu caráter sedutor e insinuante. Seu gestual vem à lembrar uma briga - reconciliação de amantes etc... Suas letras falam sempre de desenganos, decepção, desejo, paixão e outros; algumas letras e em minoria, voltadas para o cotidiano ou o dia - a - dia de suas labutas e ocorrências diversas etc... Alguns dos passos do tango, se assemelham ao samba de gafieira dos nossos quintais em cujo mérito circunstancial, atribui-se aos nossos ancestrais negros comuns, entretanto, o ritmo do TANGO, processa-se com maior marcação no corpo a corpo e o tom especial d`alma tangueira. ( Buenos Aires - duas formas de dramatizar essa alma do "dançar o tango" - complementares e recomendáveis ). Panorama existente na história do tango, enfatizando sua vertente instrumental e tendo Astor Piazzolla como maior expoente, aproveitando das tradições eruditas expansão da música popular: Ode à língua portuguesa de José Albano - Quanta quamanha dor me surge e nasce; De nunca ouvir aquele antigo estilo; Mas eu fiz que ele aqui se renovasse; Para que o mundo agora possa ouvi-lo; E com todo o poder de engenho e arte; Foi sempre o meu desejo: Ver-te qual te ora vejo - e celebrar-te. O TURFE na vida de Carlos Gardél: foi uma de suas paixões - o imenso carinho que demonstrava sentir pelos cavalos de corrida, por seu amigo Irineo Leguisamo, pelos irmãos Torteloro, por Francisco Maschio,pelo pessoal dos studs, pelos  hipódromos e pelos guichês de apostas, está refletido nos seus tangos. Apenas um tango tem sua assinatura, com versos de Alfredo Le Pera: POR UNA CABEZA. Outros tangos pertencentes à outros autores, foram cantados por Gardél . É de suma importância destacar a interpretação de Gardél na Milonga de Francisco Martino - La Catedrática - conhecida como Soy una fera, ainda que com letra reformada. Ainda o Tango Uno y Uno de Luis Triveso e Julio F. Pollero. Em sua discografia de temas turísticos, o tango de Carlos Dedico, German Zidis e salvador Ilerico, chamado Paquetin, Paquetón e o tango Bajo Belgrano de Francisco Garcia Gimenez e Anselmo Aleta. No Turfe acima de tudo, quer como proprietário quer apostador, Gardél era feliz em meio daquele ambiente. Visitava diariamente os Studs YERUA de seu amigo e treinador Francisco Maschio para falar  com seu cavalinho de nome lunático, com os peões, com o joquei Leguisamo. Era Gardél, bom amigo de todos; foi um adepto do mais alto grau em corridas de cavalos. Em Tempo: Quando de sua morte - A pricípio, o caixão de Gardél foi acompanhado, por longo cortejo fúnebre até o Cemitério de São Pedro em Medellin onde permaneceu até o fim de 1935. Desenterraram-no e como uma peregrinação, passou por vários países, inclusive, Estados Unidos, chegando ao cemitério portenho de LA CHACARITA em 06 de fevereiro de 1936. Longa jornada para os restos mortais de Carlos Gardél: viagem lombo de burro, carreta, trem e barco - corpo interiores Colômbia para aprovação, depois Panamá, em seguida,  velado nos Estados Unidos e de barco para a Argentina ( 1936 ). É amigos, INACREDITÁVEL TAMANHA BUROCRACIA PARA UM CORPO SEM VIDA, O NOSSO GARDÉL!
                                                                                                                                                                                                                                                                             
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